terça-feira, 25 de outubro de 2011

Deus, Pátria e Família.

Não se assustem aqueles que pensão que resolvi exorcizar o passado, num ímpeto saudosista. Sou daqueles que acha que o nosso passado histórico é o nosso ADN, e como tal devemos enfrenta-lo e evocá-lo no sentido de acautelar o futuro.
António Oliveira Salazar foi Ministro das Finanças por breves meses em 1926. Depois disso, foi também ministro das Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas. A sua política financeira, controlando com extremo rigor todos os gastos dos vários Ministérios, aumentando os impostos e cortando nas despesas públicas, permitiu equilibrar as contas públicas, valendo-lhe o epíteto de “Salvador da Pátria” e esteve na base do convite que lhe foi endereçado em 1932 para que chefiasse o Governo.
Para assinalar os dez anos de governo de Salazar, é editada, em 1938, uma série de sete cartazes intitulada “A Lição de Salazar”, distribuída por todas as escolas primárias do país. A obra do Estado Novo foi então glorificada nesses cartazes, salientando sempre a acção de Salazar no sentido de desenvolver o país, ao mesmo tempo que o pacificava em termos sociais.
O último cartaz da série, “Deus, Pátria, Família: a Trilogia da Educação Nacional” volta a ser uma esplêndida síntese da pedagogia e moral do estado, num anacronismo á actual realidade e conjuntura nacional e internacional.
Deus, na perspectiva de que todos acreditamos em algo, independentemente do credo de cada um e que se tornará obvio, para aqueles que irão passar por mais sacrifícios, a devoção sobre algo que os ajude a superar as dificuldades acrescidas.
Pátria, no enquadramento da actual indefinição europeia, no surgimento de uma nova realidade trazida pela chamada crise das “dívidas soberanas” e na procura de vincar o futuro do projecto europeu.
Família, como reduto do que é nosso, símbolo da união, da valência de cada individuo como um todo, social e socializante. Citando Victor Hugo,"Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família." Fonte - Miscelânea de Literatura e Filosofia.
Parece-me claro que existe uma crise de valores latente, que teremos de redefinir o que nos define e caracteriza, enquanto seres portadores de uma racionalidade que nos distingue e impede de renegar os valores fundamentais.
Lisboa, 25 de Outubro de 2011.