
Fernando Nobre pela sua experiência e pelo seu passado cedo deveria ter percebido quando deveria ter saído de cena. Apercebendo-se que o seu nome não reunia consenso parlamentar, deveria por respeito a quem o convidou, porque quem o convidou respeitou o que prometera contra tudo e contra todos, ter renunciado a proposta do seu nome para a presidência da assembleia. Poderia assim ter-se poupado e ter-nos poupado ao que assistimos ontem.
O que se viu, por quem assistiu foi desolador, Fernando Nobre para além de não conhecer os cantos à casa por esta ser a sua primeira vez sentiu na pele a frieza do hemiciclo o isolamento daqueles que pressentiam o cheiro da sua “morte” e o condenavam antecipadamente.
Resultado da primeira votação, apenas 106 votos em 108 possíveis por parte da bancada do PSD superando a segunda em um voto, pois no entretanto houve quem se arrependesse. A segunda ida a votos serviu para sedimentar a humilhação, ficando para a história do parlamento como o único candidato que não conseguiu ser eleito sem concorrentes e com direito a segunda volta.
Penso que a sua derrota não terá sido em relação à sua pessoa mas sim a tudo o que envolveu a sua integração nas fileiras do PSD e as suas consequentes declarações. Contra a sua intenção inicial resta-lhe assumir o lugar de deputado que é no fundo o que mais nobre lhe sobra.
Tal como Sigmund Freud, pai da psicanálise explica que o mundo dos instintos, dos desejos sem forma se revela quando agimos de acordo com o princípio do prazer imediato, sem pensar na consequência das nossas acções. E o ego reflexo das consequências das nossas acções, renunciando ao prazer imediato tendo em vista os prazeres adiados e transforma os impulsos em desejos respeitáveis. Nobre esqueceu-se destes princípios e de que em política é preciso saber esperar, ainda que os convites pareçam irrecusáveis.
Devíamos começar a pôr em prática os princípios éticos que defendemos. Devíamos redescobrir o autodomínio, não ceder à tentação do poder e do êxito fáceis, e deixar de nos considerar bons por sermos compreensivos e tolerantes. Devíamos ser exigentes com nós próprios e esperar que todos os outros façam o mesmo.
Lisboa, 21 de Junho de 2011.
Nuno Serra Pereira
O que se viu, por quem assistiu foi desolador, Fernando Nobre para além de não conhecer os cantos à casa por esta ser a sua primeira vez sentiu na pele a frieza do hemiciclo o isolamento daqueles que pressentiam o cheiro da sua “morte” e o condenavam antecipadamente.
Resultado da primeira votação, apenas 106 votos em 108 possíveis por parte da bancada do PSD superando a segunda em um voto, pois no entretanto houve quem se arrependesse. A segunda ida a votos serviu para sedimentar a humilhação, ficando para a história do parlamento como o único candidato que não conseguiu ser eleito sem concorrentes e com direito a segunda volta.
Penso que a sua derrota não terá sido em relação à sua pessoa mas sim a tudo o que envolveu a sua integração nas fileiras do PSD e as suas consequentes declarações. Contra a sua intenção inicial resta-lhe assumir o lugar de deputado que é no fundo o que mais nobre lhe sobra.
Tal como Sigmund Freud, pai da psicanálise explica que o mundo dos instintos, dos desejos sem forma se revela quando agimos de acordo com o princípio do prazer imediato, sem pensar na consequência das nossas acções. E o ego reflexo das consequências das nossas acções, renunciando ao prazer imediato tendo em vista os prazeres adiados e transforma os impulsos em desejos respeitáveis. Nobre esqueceu-se destes princípios e de que em política é preciso saber esperar, ainda que os convites pareçam irrecusáveis.
Devíamos começar a pôr em prática os princípios éticos que defendemos. Devíamos redescobrir o autodomínio, não ceder à tentação do poder e do êxito fáceis, e deixar de nos considerar bons por sermos compreensivos e tolerantes. Devíamos ser exigentes com nós próprios e esperar que todos os outros façam o mesmo.
Lisboa, 21 de Junho de 2011.
Nuno Serra Pereira