Teve o desfecho aguardado a não eleição de Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República (PAR). Dos 230 deputados teve apenas 106 votos (105 na segunda e derradeira insistência) quando precisaria no mínimo de 116. Tudo estava contra o próprio. E não poderia ser de outra forma.
A sua pré-candidatura ao cargo de segunda figura do Estado Português precoce e despropositada, as suas declarações sobre a renúncia ao mandato caso não fosse eleito PAR, a sua insistência em ter essa influência na AR como se tivesse um programa político para a mesma quando o governo é que tem programa político e na AR legislasse e fiscalizasse a acção do mesmo. Diria que tudo indiciaria que desejava usar a PAR como rampa de lançamento para uma futura candidatura presidencial (mais uma...). A insistência e a persistência não são um mal em si mesmos, muito pelo contrário. Agora a sua utilização desenquadrada da realidade e de forma inconsciente não prestigia quem porventura terá essas qualidades ou gestos. Há que ter noção! Era escusado o embaraço do próprio Passos Coelho, embora a meu ver não seja algo que vá fragilizar o novo governo, do visado pois claro, enfim de todo o episódio que vinha pairando desde a campanha eleitoral.
Resta que faça um bom mandato como deputado. A ver vamos. E que o próximo PAR esteja à altura da Casa da Democracia, que tenha experiência política e parlamentar suficientes, competência e mérito e que para além do tão relevante sentido de Estado tenha os indispensáveis bom senso, sensatez e ponderação. Tudo isto faltava a Nobre. Sai deste episódio sem nobreza e sem dignidade políticas.
Parece-me que Assunção Esteves, o novo nome proposto pelo PSD e eleita com uma confortável maioria, não tanto pela sua condição de mulher, mas pelo seu estatuto profissional e desempenho político poderá fazer um bom lugar e ser uma digna PAR. Assim esperamos todos.
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