quinta-feira, 14 de julho de 2011

E ficámos a ver navios ……..

A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou ontem (13/07/2011) na capital angolana, que a Alemanha propôs vender barcos patrulha ao país, para que a sua marinha possa controlar as fronteiras. Cada um dos barcos da venda proposta por Merkel ao presidente José Eduardo dos Santos poderá vir a custar entre 10 a 25 milhões de euros. Ainda que uma eventual venda de material militar a Angola terá de ser autorizada pelo Conselho Federal de Segurança, onde poderá encontrar uma forte contestação por parte da oposição interna germânica.
Este anúncio vem reforçar a necessidade dos Navios Patrulha Oceânicos (NPO), destinados à realização das tarefas de interesse público, que foram reiterados com a promulgação dos Requisitos Operacionais em 1998. Dando início ao processo em curso dos NPO, envolvendo a Marinha, o Arsenal do Alfeite (AA) e os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, S.A. (ENVC). De 2001 e 2002 decorreu todo o processo que levou à assinatura do contrato entre o Estado Português e os ENVC, que teve lugar em Viana do Castelo, em 15/10/2002, para o fornecimento do projecto, do Apoio Logístico Integrado (ALI) e de um NPO, tendo ficado o segundo NPO como opcional, situação que veio a confirmar-se, prevendo-se inicialmente a entrega dos 2 navios em 2005. Entretanto, devido a atrasos e dificuldades de diversa ordem, os ENVC têm vindo a solicitar adiamento da entrega dos navios. Os ENVC seriam também beneficiários das contrapartidas do programa de aquisição dos submarinos da classe “Tridente”, adjudicados ao consórcio alemão que iria colaborar no estudo e realização do projecto básico do navio polivalente logístico (NAVPOL/NPL) com vista a um futuro fornecimento das primeiras unidades à Armada Portuguesa.
Toda esta programação de encomendas poderia ter tido um grande significado ao nível da projecção do que poderia ser o futuro dos ENVC com a especialização e posterior entrada no mercado da exportação de navios militares, se não fosse a incompetência da gestão e das políticas do Estado nesta matéria nos últimos anos.
Numa altura em que se fala na revitalização da economia do mar, contratos destes poderiam atenuar o esforço financeiro colocado ao país. Ao contribuir deste modo para a valorização dos activos de conhecimento na construção naval como o relacionamento privilegiado que temos, no âmbito da CPLP, com alguns dos chamados novos países emergentes.
Este é o tipo de iniciativas diplomáticas e económicas que esperamos do novo executivo, a programação e a continuidade, a promoção da excelência daquilo que é Português como forma de atingir os níveis produtivos desejados.
A vontade de fazer tem de ser imediata, senão só nos resta … vê-los passar!
Lisboa, 14 de Julho de 2011.
Nuno Serra Pereira

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mudança na Política Europeia

Não se pode atribuir às agências de notação financeira a culpa do mau momento porque passa a Europa, nomeadamente nos países mais frágeis e por sua vez a própria sobrevivência do euro.
Imaginar que existe um conluio internacional encabeçado pelos EUA, para deitar o Euro abaixo, parece-me ser uma má resposta de Bruxelas que apenas procura bodes expiatórios para explicar o que cada vez mais se torna evidente.
O que falhou até agora foi a conjugação da política fiscal dos países europeus com a política monetária do Banco Central Europeu (BCE). As agências de notação não têm culpa de que os países europeus não tenham todos a mesma política orçamental. Com isto não quero dizer que estas agências não tenham um poder excessivo nas tomadas de decisões por parte de quem decide as linhas orientadoras das políticas monetárias, sendo necessária uma maior e mais rigorosa regulamentação da sua actividade e a atribuição de uma importância relativa conjecturada com outros indicadores não menos importantes.
Os últimos desenvolvimentos sobre as dívidas soberanas da Itália e da Espanha e perante a ameaça de alastramento das dificuldades a toda a Europa, fez reagir os líderes dos 27 dando abertura à discussão de medidas e soluções imediatas. Assuntos como o incumprimento, reestruturação e partilha da dívida soberana irão certamente ter uma implicação directa, na caminhada para uma união orçamental, com transferências indirectas de dinheiros públicos entre os países da zona euro.
Esta é sem dúvida uma evolução positiva e consequente da política económica europeia, efectivando a mobilização do dinheiro europeu na recompra da dívida grega, aliviando a situação do país. Ou seja permitindo a reestruturação da dívida, andámos no fundo a adiar o inevitável.
Os líderes europeus ao demonstrar estarem abertos a um perdão parcial da dívida pública grega e à descida dos juros cobrados em parte dos empréstimos contraídos, estabeleceram um precedente para o caso de Portugal e desde logo a compreensão de que estas medidas serão essenciais para a solvabilidade dos países periféricos europeus.
Está na hora de clarificar e acabar com os vícios da velha Europa e encontrar modelos sistémicos sustentáveis para uma renovação Europeia.

Lisboa, 13 de Julho de 2011.
Nuno Serra Pereira