
Com o passar do tempo e com o passar de reacções suas à crise europeia (financeira, económica, mas também política...) um certo tipo de egoísmo nacional alemão, ou se quisermos um pragmatismo político excessivo pensando sobretudo no seu eleitorado e não tanto no projecto europeu, veio à tona. Bem sei que não será fácil conciliar interesses nacionais e interesses europeus, mas quem o conseguir, sobretudo em tempos de crise, terá direito à medalha de mérito e de líder carismático. Não basta dirigir um país com a maior economia europeia, ter os contribuintes que mais contribuem para o financiamento da União, é preciso mais do que isso. Na altura de revelar essa capacidade de articulação da identidade nacional e do projecto europeu, o pragmatismo político e os interesses eleitorais nacionais falaram mais alto. Ainda para mais sem o sucesso desejado pela líder da CDU alemã, pois as derrotas regionais na Alemanha têm-se sucedido.
Tenho de ceder e dar razão a quem na altura contestou a minha opinião. Revelou que não é uma grande estadista. A União Europeia, o continente europeu no geral, continua a carecer de figuras de referência, que dêem credibilidade interna e externa à UE, que galvanizem os povos europeus para um projecto comum, em que na diversidade de identidades consigam construir sociedades e economias avançadas e competitivas e ter uma palavra a dizer em termos mundiais. Se for bem dimensionado e construído com razoabilidade, bem conduzido, terá mais hipóteses de sucesso do que de fracasso. Não estando propriamente em risco, neste momento, deverá tomar um outro rumo, que encurte a distância entre instituições europeias e cidadãos europeus e que combata a imagem e as intervenções fragmentadas, por vezes fragmentárias mesmo. E não será aquele que a chanceler Merkel está a ter. Quem a viu e quem a vê!
