sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O Turista Acidental...


O líder socialista elogiou a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de criar um novo programa de compra de dívida soberana no mercado secundário. Ainda bem que Draghi seguiu as solicitações do iluminado seguro que se expressou nas seguintes declarações:
"Algumas das reivindicações que tenho vindo a fazer há mais de um ano foram hoje tomadas pelo BCE, que anunciou decisões muito importantes para a União Europeia e para Portugal (membro da zona euro). Com esta decisão do BCE Portugal está em condições de regressar aos mercados no próximo ano", sustentou António José Seguro logo no início da sua intervenção num fórum promovido pela Federação Nacional de Educação (FNE).
"O BCE decidiu ter uma intervenção mais ativa junto dos mercados financeiros para travar a especulação, garantindo custos de financiamento mais baixos. Com menores custos de financiamento pagaremos menos juros e os sacrifícios pedidos às pessoas podem ser aliviados", advogou ainda o secretário-geral do PS.
Este não foi mais do que o primeiro passo para se salvar o euro. A salvação do euro implica duas coisas: compras em larga escala de títulos dos países periféricos por parte do BCE e um sinal de que este estará disponível para permitir uma subida da inflação (que tanto aflige os alemães desde a 2ª Guerra Mundial) para fazer com que o ajustamento seja possível. Este é um passo na direção certa, que permite afirmar a independência do BCE, mas não o suficiente se não for seguido de outras medidas fundamentais.
O secretário-geral do PS esquece-se que as medidas de austeridade são para ser aplicadas e os limites do défice para serem cumpridos, condicionalismos anunciados por Draghi e que serão impostos aos países que forem alvo de compra de dívida. O regresso ao mercado ainda que dentro dos prazos anteriormente estabelecidos (2013) permite aliviar o peso da divida, no entanto não significa que os sacrifícios colectivos possam abrandar, estes estão directamente relacionados com os cortes na despesa do Estado e os comportamentos e os condicionalismos dos mercados internacionais.
É com esta falta de preparação e seriedade nas declarações públicas, que se perdem eleições, os portugueses não são estúpidos e cada vez mais se apercebem daqueles que apelam à ignorância dos factos, no mediatismo das declarações irresponsáveis do líder da oposição.

Nuno Serra Pereira, 7 de Setembro de 2012.