sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Portas é cinco tostões de gente…

“O Portas é cinco tostões de gente. É pequenino mas chega aonde quer!”
Feirante, Feira dos Carvalhos Santo Tirso ( in sabedoria popular)



Na sua habitual e lúcida assertividade Paulo Portas ousou sobrelevar a fasquia da discussão eleitoral a outro nível ao deixar no ar a questão se “o sistema partidário fica na mesma?”, dentro do contexto das medidas revolucionárias que terão de ser aplicadas nos próximos tempos. Estas são as questões que estão na esfera daquilo que ainda é nosso, da pouca soberania que nos resta e sobre o qual a actual classe politica e os cidadãos deveriam reflectir.
O sistema político actual protege as tendências oligárquicas dos partidos. No sistema eleitoral, o método de Hondt produz justamente o que deveria evitar, as maiorias absolutas. Os eleitores ao contrário daquilo que se possa pensar são muito estratégicos. Em círculos pequenos cedem mais ao apelo do voto útil do que nos de maiores dimensões. Não que os eleitores saibam tecnicamente o que é o método de Hondt, mas percebem as possibilidades práticas do seu voto. Sem o apelo ao voto útil, não haveria razão no actual contexto para que o CDS não tivesse tantos votos como o PSD. Os círculos eleitorais estão desenhados à medida das vitórias e da rotatividade dos dois maiores partidos políticos do poder, PS e PSD. As listas fechadas de candidatos, controladas pelas direcções partidárias impedem a democratização interna e a concorrência aberta na oferta de candidatos. Os deputados obedecem à disciplina de orientação das direcções, caso contrário são expulsos das listas. A perpetuação da alternância do poder permite a colonização das administrações públicas e as empresas do estado pela militância partidária.
As transferências de eleitores de um partido para o outro são reduzidas. Hoje votam menos de 70% dos eleitores, dividindo os restantes em indecisos e descontentes. É mais frequente um partido ir buscar votos á abstenção e outro perder votos para a abstenção. Este facto na situação particular em que nos encontramos poderá ter um peso muito maior que as transferências directas de voto. O esforço de quem disputa as eleições tem a ver com a captação deste eleitorado, são os indecisos e os descontentes que poderão desequilibrar as contas das sondagens e da contagem dos votos. As flutuações que agora assistimos sobre as intenções de voto não tem a haver apenas com razões metodológicas, mas também com a cristalização do voto que é feita no período de campanha eleitoral. Esta serve para dar a informação e trazer para a eleição a objectividade no escrutínio em alguém que possamos projectar as nossas esperanças, com uma particularidade nestas eleições que é o descolar de ideologias pré definidas. Dá deste modo razão aos que defendem que o eleitorado não é fixo, “ que não é propriedade dos partidos políticos”.O eleitor coloca neste momento em dúvida a sua fidelidade partidária para poder votar numa solução e por isso está confuso. Este é o verdadeiro desafio de quem disputa estas eleições, parece-me nesta primeira semana de campanha que nenhum envolvido compreendeu a mensagem e o objectivo, disparando em todas as direcções e falhando naturalmente o alvo. Só falta mais uma semana de campanha, o risco de falharem vai espelhar-se nos resultados inconclusivos do dia 5, abrindo um novo impasse e um novo tabu para o Prof. Cavaco Silva resolver.


Lisboa, 26 de Maio de 2011.

Nuno Serra Pereira

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EMYA - European Museum of the Year Award




"E o óscar vai para .........."


Penafiel foi escolhido este fim-de-semana em Bremerhaven, na Alemanha, para organizar os prémios EMYA (European Museum of the Year Award) de 2012. O Prémio EMYA (European Museum of the Year Awards- Museu europeu do ano) é atribuído todos os anos pelo European Museum Forum (Fórum Europeu de Museus), um organismo internacional, sem fins lucrativos, fundado em 1977, que opera sob os auspícios do Conselho da Europa e que tem como patrona a Rainha Fabíola, da Bélgica. Em 2012 a atribuição dos prémios terá lugar a partir de dia 17 de Maio terminando com uma Gala do dia 20 de Maio.São esperados cerca de 50 museus candidatos, dos quais 7 são portugueses.
Em 2012 teremos em Penafiel, a presença dos melhores Museus da Europa, cabendo-nos o privilégio de organizarmos os “óscares” dos museus. Estamos a falar de um evento, de âmbito cultural, que é uma referência internacional na área da museologia e que espelha igualmente a altíssima qualidade e credibilidade que o nosso Museu Municipal já alcançou.”Recorde-se que o Museu Municipal de Penafiel, que chegou em 2010 à fase final do prémio internacional, EMYA 2010 do European Museum Fórum, é este ano detentor do prémio de Museu Português do ano atribuído pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), tendo ainda ficado entre os cinco finalistas dos Prémios Turismo de Portugal 2010, na categoria de Novo Projecto Público, ter conquistado o 1º prémio na categoria de Projecto Urbano-Cultura, do Jornal Planeamento e Cidades, e de ter conquistado o prémio “Verdadeiro Olhar – categoria Instituição cultural 2010”.Este ano, está já nomeado para o prémio Novo Norte, na categoria de Norte Civitas. Distinções que comprovam a qualidade do espaço e do património exposto, e que revelam de forma apaixonante a história do município e da região, desde os tempos mais remotos, estando reunido um espólio arqueológico, etnográfico e histórico da região do Sousa e Tâmega, de grande qualidade e valor e que pode ser comprovada pelas cerca de 40.000 pessoas que visitaram o museu, desde que foi reaberto em 2009. O museu municipal de Penafiel é, assim, pela qualidade que tem evidenciado, o espelho da identidade local e da região.Penafiel foi escolhido este fim-de-semana em Bremerhaven, na Alemanha, para organizar os prémios EMYA (European Museum of the Year Award) de 2012.
São distinções como estas que envolvidas numa dinâmica natural podem e devem estimular a economia.É sem dúvida um motivo de orgulho para Portugal, numa altura em que bem precisamos de nos sentir orgulhosos de quem somos!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Os nomes do ainda primeio-ministro

Já ouvimos chamar ao ainda primeiro-ministro e candidato a voltar a sê-lo Sócrates um pouco de tudo. Muitas delas com inteira justiça, outras retratando a figura em questão mas tratando-se de manifestos excessos de linguagem, outras nem tanto. Mas não são a esses adjectivos e qualificativos que me refiro em concreto. Reparem só na diversidade que o nome do senhor candidato suscita. E não será tão abundante quanto as suas caras, que são mais de duas pelo que pude já contar...


A rever então:


- Sócas

- Sóca

- Sógras

- Tócas

- Sócra

- Sócras

Se entretanto ouvir ou lembrar-me de mais variantes que certamente existem tentarei fazer uma adenda a esta "pintelhice" de post.

Bollywood




Afinal também Sócrates se preocupa com os imigrantes, tal como Passos havia dito que era o mais africano dos candidatos, Sócrates quis que se soubesse que é o mais solidário e preocupado com os imigrantes, mesmo que estes não votem ou estejam ilegais em Portugal.
O PS na defesa do “seu” estado social e acusando os adversários de querer destruir tudo o que terá sido conquistado nos últimos anos, resolveu promover uma campanha de sensibilização. Os autocarros da campanha passaram pela praça do Martim Moniz juntando paquistaneses e indianos, rumando ao Alentejo com a promessa de refeições grátis e espectáculo gratuito. Desta vez não houve piquenique mas sim uma leve refeição distribuída em sacos de plástico e também não houve Tony Carreira mas desta feita José Sócrates no seu melhor. A produção entre turbantes, agitação de bandeiras, câmaras em gruas e banda sonora dos “Piratas das Caraíbas” remetia o nosso imaginário para um local fantástico de um qualquer filme de Bollywood. Fazendo relembrar que em tempos de crise o PS foi quem apresentou o maior orçamento para a campanha eleitoral, que decorre.
O financiamento dos filmes de Bollywood geralmente vem de distribuidores privados e de alguns grandes estúdios. A produção do fim-de-semana passado vem da campanha do PS e como testemunhou uma entusiasta destas andanças as juntas socialistas também deram uma ajuda com os autocarros. Lá estamos nós os contribuintes a dar uma ajudinha, mesmo que involuntária.
A solidariedade tem as suas regras, pede que digamos a verdade que respeitemos os outros, que nos ajudemos e que fundamentalmente sejamos leais com aquilo que realmente nos move. A necessidade de solidariedade é cada vez maior. Sente-se hoje cada vez mais a necessidade de uma reconstrução moral e política.
O momento não pede espectáculos e mobilizações deste género pede sim uma campanha digna séria e realista, uma mobilização por vontade própria de quem quer mudar e vê na sua escolha e no seu voto uma esperança para o seu futuro e o de Portugal.

Lisboa, 24 de Maio de 2011.
Nuno Serra Pereira

domingo, 22 de maio de 2011

O teatro da política. O palco das campanhas

Se em democracia os actos eleitorais são parte integrante e fundamental as respectivas campanhas eleitorais também o são. Devem (deveriam sem excepções...) servir para esclarecer o eleitorado sobre o programa político de cada força partidária que se apresenta a votos, as propostas concretas que podem vir a solucionar problemas que afectam a sociedade portuguesa. Para isso existem os debates televisivos com os principais candidatos dos vários partidos, os tempos de antena, a comunicação e discussão de ideias cada vez mais realizadas em palcos disponibilizados pelas novas tecnologias, pelo crescimento e explosão da blogoesfera e das redes sociais, os jantares, comícios, arruadas e afins para fazer passar as mensagens às pessoas, aos cidadãos.


Esperemos que todos estes sejam contributos para o esclarecimento, para a consciencialização dos direitos e deveres de todos, para a decisão em consciência, para o combate à abstenção e para a promoção da participação e da cidadania. Alguns actores têm mais aptidão ou habilidade para o fazer do que outros. Alguns insistem em fornecer achas para a fogueira da confusão, da dubiedade, da dissimulação, da mentira, de que é campeão imbatível (nisto apenas espera-se!) o candidato Sócrates. Surgiram lágrimas de crocodilo e tudo. Já o fez em 2009 e ganhou as eleições. Muitos sentiram-se enganados. Outros só mais tarde se aperceberam do que acontecera. Esperemos que não se esqueçam disso no momento de fazer a escolha agora em 2011.


Temos de ter a consciência e a capacidade (dadas pelas experiências de vida mas muito também fruto da educação, formação e da cultura que devem ser cada vez mais abrangentes e disseminadas pelas populações) para podermos valorizar a verdade, os contributos construtivos e pela positiva, no fundo e usando uma conveniente e actual metáfora agrícola, separar o trigo do joio. Já foi dito, e concordo inteiramente com a afirmação, alguém que é uma autêntica máquina comunicacional e em campanha não é necessariamente o melhor dos políticos e ainda menos dos governantes.


Uma das questões que (ainda mais agora) se impõe é se queremos um actor que no ensaio representa bem e no palco do acontecimentos reais falha sistematicamente ou alguém que não tenha duas caras, nem deixe cair a máscara, aliás que nem sequer tenha máscara e enfrente a realidade com a dificuldade e a dureza que ela efectivamente apresenta. O ensaio geral deve ser praticamente o mesmo do que o espectáculo em si mesmo, com um respeito insubstituível pelo público que paga o seu bilhete para assistir activamente. Diria ainda mais e a política deveria também aprender com o teatro que se o actor falha e não cumpre com qualidade o seu papel, comprometendo o desenvolvimento da peça em cena, em última análise o dinheiro do bilhete dever-lhe-á ser devolvido. Para quando a responsabilização mais efectiva e concreta dos políticos que demonstrem incompetência e má gestão?


Se as eleições são momentos da vida democrática e as campanhas também o são devemos segui-las com espírito crítico e não nos deixarmos levar por discursos fáceis, porém irresponsáveis, por berros que nada defendem e apenas constituem ruído. Não depositar confiança em quem já provou vezes demais que não a merece é fundamental para que o erro declarado de 2009 não se repita. Não nos deixemos levar por ilusões, por palavras vãs e simplistas que não condizem com os actos de quem as profere com o alegado entusiasmo que mais não é que desespero. Claro que desta (e de qualquer outra) crítica o ainda primeiro-ministro Sócrates não gosta. É caso para dizer que a verdade doi, doi mas é necessária para que se façam as boas escolhas para que este país retome um rumo acertado e se vá fortalecendo e desenvolvendo, pois as oportunidades vão escasseando. As oportunidades devem ser dadas a quem já revelou ter boas ideias e boas soluções, a quem tem mérito, projecto e equipa para o executar com qualidade. Este é o momento!