
Feirante, Feira dos Carvalhos Santo Tirso ( in sabedoria popular)
Na sua habitual e lúcida assertividade Paulo Portas ousou sobrelevar a fasquia da discussão eleitoral a outro nível ao deixar no ar a questão se “o sistema partidário fica na mesma?”, dentro do contexto das medidas revolucionárias que terão de ser aplicadas nos próximos tempos. Estas são as questões que estão na esfera daquilo que ainda é nosso, da pouca soberania que nos resta e sobre o qual a actual classe politica e os cidadãos deveriam reflectir.
O sistema político actual protege as tendências oligárquicas dos partidos. No sistema eleitoral, o método de Hondt produz justamente o que deveria evitar, as maiorias absolutas. Os eleitores ao contrário daquilo que se possa pensar são muito estratégicos. Em círculos pequenos cedem mais ao apelo do voto útil do que nos de maiores dimensões. Não que os eleitores saibam tecnicamente o que é o método de Hondt, mas percebem as possibilidades práticas do seu voto. Sem o apelo ao voto útil, não haveria razão no actual contexto para que o CDS não tivesse tantos votos como o PSD. Os círculos eleitorais estão desenhados à medida das vitórias e da rotatividade dos dois maiores partidos políticos do poder, PS e PSD. As listas fechadas de candidatos, controladas pelas direcções partidárias impedem a democratização interna e a concorrência aberta na oferta de candidatos. Os deputados obedecem à disciplina de orientação das direcções, caso contrário são expulsos das listas. A perpetuação da alternância do poder permite a colonização das administrações públicas e as empresas do estado pela militância partidária.
As transferências de eleitores de um partido para o outro são reduzidas. Hoje votam menos de 70% dos eleitores, dividindo os restantes em indecisos e descontentes. É mais frequente um partido ir buscar votos á abstenção e outro perder votos para a abstenção. Este facto na situação particular em que nos encontramos poderá ter um peso muito maior que as transferências directas de voto. O esforço de quem disputa as eleições tem a ver com a captação deste eleitorado, são os indecisos e os descontentes que poderão desequilibrar as contas das sondagens e da contagem dos votos. As flutuações que agora assistimos sobre as intenções de voto não tem a haver apenas com razões metodológicas, mas também com a cristalização do voto que é feita no período de campanha eleitoral. Esta serve para dar a informação e trazer para a eleição a objectividade no escrutínio em alguém que possamos projectar as nossas esperanças, com uma particularidade nestas eleições que é o descolar de ideologias pré definidas. Dá deste modo razão aos que defendem que o eleitorado não é fixo, “ que não é propriedade dos partidos políticos”.O eleitor coloca neste momento em dúvida a sua fidelidade partidária para poder votar numa solução e por isso está confuso. Este é o verdadeiro desafio de quem disputa estas eleições, parece-me nesta primeira semana de campanha que nenhum envolvido compreendeu a mensagem e o objectivo, disparando em todas as direcções e falhando naturalmente o alvo. Só falta mais uma semana de campanha, o risco de falharem vai espelhar-se nos resultados inconclusivos do dia 5, abrindo um novo impasse e um novo tabu para o Prof. Cavaco Silva resolver.
O sistema político actual protege as tendências oligárquicas dos partidos. No sistema eleitoral, o método de Hondt produz justamente o que deveria evitar, as maiorias absolutas. Os eleitores ao contrário daquilo que se possa pensar são muito estratégicos. Em círculos pequenos cedem mais ao apelo do voto útil do que nos de maiores dimensões. Não que os eleitores saibam tecnicamente o que é o método de Hondt, mas percebem as possibilidades práticas do seu voto. Sem o apelo ao voto útil, não haveria razão no actual contexto para que o CDS não tivesse tantos votos como o PSD. Os círculos eleitorais estão desenhados à medida das vitórias e da rotatividade dos dois maiores partidos políticos do poder, PS e PSD. As listas fechadas de candidatos, controladas pelas direcções partidárias impedem a democratização interna e a concorrência aberta na oferta de candidatos. Os deputados obedecem à disciplina de orientação das direcções, caso contrário são expulsos das listas. A perpetuação da alternância do poder permite a colonização das administrações públicas e as empresas do estado pela militância partidária.
As transferências de eleitores de um partido para o outro são reduzidas. Hoje votam menos de 70% dos eleitores, dividindo os restantes em indecisos e descontentes. É mais frequente um partido ir buscar votos á abstenção e outro perder votos para a abstenção. Este facto na situação particular em que nos encontramos poderá ter um peso muito maior que as transferências directas de voto. O esforço de quem disputa as eleições tem a ver com a captação deste eleitorado, são os indecisos e os descontentes que poderão desequilibrar as contas das sondagens e da contagem dos votos. As flutuações que agora assistimos sobre as intenções de voto não tem a haver apenas com razões metodológicas, mas também com a cristalização do voto que é feita no período de campanha eleitoral. Esta serve para dar a informação e trazer para a eleição a objectividade no escrutínio em alguém que possamos projectar as nossas esperanças, com uma particularidade nestas eleições que é o descolar de ideologias pré definidas. Dá deste modo razão aos que defendem que o eleitorado não é fixo, “ que não é propriedade dos partidos políticos”.O eleitor coloca neste momento em dúvida a sua fidelidade partidária para poder votar numa solução e por isso está confuso. Este é o verdadeiro desafio de quem disputa estas eleições, parece-me nesta primeira semana de campanha que nenhum envolvido compreendeu a mensagem e o objectivo, disparando em todas as direcções e falhando naturalmente o alvo. Só falta mais uma semana de campanha, o risco de falharem vai espelhar-se nos resultados inconclusivos do dia 5, abrindo um novo impasse e um novo tabu para o Prof. Cavaco Silva resolver.
Lisboa, 26 de Maio de 2011.
Nuno Serra Pereira