terça-feira, 24 de maio de 2011

Bollywood




Afinal também Sócrates se preocupa com os imigrantes, tal como Passos havia dito que era o mais africano dos candidatos, Sócrates quis que se soubesse que é o mais solidário e preocupado com os imigrantes, mesmo que estes não votem ou estejam ilegais em Portugal.
O PS na defesa do “seu” estado social e acusando os adversários de querer destruir tudo o que terá sido conquistado nos últimos anos, resolveu promover uma campanha de sensibilização. Os autocarros da campanha passaram pela praça do Martim Moniz juntando paquistaneses e indianos, rumando ao Alentejo com a promessa de refeições grátis e espectáculo gratuito. Desta vez não houve piquenique mas sim uma leve refeição distribuída em sacos de plástico e também não houve Tony Carreira mas desta feita José Sócrates no seu melhor. A produção entre turbantes, agitação de bandeiras, câmaras em gruas e banda sonora dos “Piratas das Caraíbas” remetia o nosso imaginário para um local fantástico de um qualquer filme de Bollywood. Fazendo relembrar que em tempos de crise o PS foi quem apresentou o maior orçamento para a campanha eleitoral, que decorre.
O financiamento dos filmes de Bollywood geralmente vem de distribuidores privados e de alguns grandes estúdios. A produção do fim-de-semana passado vem da campanha do PS e como testemunhou uma entusiasta destas andanças as juntas socialistas também deram uma ajuda com os autocarros. Lá estamos nós os contribuintes a dar uma ajudinha, mesmo que involuntária.
A solidariedade tem as suas regras, pede que digamos a verdade que respeitemos os outros, que nos ajudemos e que fundamentalmente sejamos leais com aquilo que realmente nos move. A necessidade de solidariedade é cada vez maior. Sente-se hoje cada vez mais a necessidade de uma reconstrução moral e política.
O momento não pede espectáculos e mobilizações deste género pede sim uma campanha digna séria e realista, uma mobilização por vontade própria de quem quer mudar e vê na sua escolha e no seu voto uma esperança para o seu futuro e o de Portugal.

Lisboa, 24 de Maio de 2011.
Nuno Serra Pereira

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