domingo, 22 de maio de 2011

O teatro da política. O palco das campanhas

Se em democracia os actos eleitorais são parte integrante e fundamental as respectivas campanhas eleitorais também o são. Devem (deveriam sem excepções...) servir para esclarecer o eleitorado sobre o programa político de cada força partidária que se apresenta a votos, as propostas concretas que podem vir a solucionar problemas que afectam a sociedade portuguesa. Para isso existem os debates televisivos com os principais candidatos dos vários partidos, os tempos de antena, a comunicação e discussão de ideias cada vez mais realizadas em palcos disponibilizados pelas novas tecnologias, pelo crescimento e explosão da blogoesfera e das redes sociais, os jantares, comícios, arruadas e afins para fazer passar as mensagens às pessoas, aos cidadãos.


Esperemos que todos estes sejam contributos para o esclarecimento, para a consciencialização dos direitos e deveres de todos, para a decisão em consciência, para o combate à abstenção e para a promoção da participação e da cidadania. Alguns actores têm mais aptidão ou habilidade para o fazer do que outros. Alguns insistem em fornecer achas para a fogueira da confusão, da dubiedade, da dissimulação, da mentira, de que é campeão imbatível (nisto apenas espera-se!) o candidato Sócrates. Surgiram lágrimas de crocodilo e tudo. Já o fez em 2009 e ganhou as eleições. Muitos sentiram-se enganados. Outros só mais tarde se aperceberam do que acontecera. Esperemos que não se esqueçam disso no momento de fazer a escolha agora em 2011.


Temos de ter a consciência e a capacidade (dadas pelas experiências de vida mas muito também fruto da educação, formação e da cultura que devem ser cada vez mais abrangentes e disseminadas pelas populações) para podermos valorizar a verdade, os contributos construtivos e pela positiva, no fundo e usando uma conveniente e actual metáfora agrícola, separar o trigo do joio. Já foi dito, e concordo inteiramente com a afirmação, alguém que é uma autêntica máquina comunicacional e em campanha não é necessariamente o melhor dos políticos e ainda menos dos governantes.


Uma das questões que (ainda mais agora) se impõe é se queremos um actor que no ensaio representa bem e no palco do acontecimentos reais falha sistematicamente ou alguém que não tenha duas caras, nem deixe cair a máscara, aliás que nem sequer tenha máscara e enfrente a realidade com a dificuldade e a dureza que ela efectivamente apresenta. O ensaio geral deve ser praticamente o mesmo do que o espectáculo em si mesmo, com um respeito insubstituível pelo público que paga o seu bilhete para assistir activamente. Diria ainda mais e a política deveria também aprender com o teatro que se o actor falha e não cumpre com qualidade o seu papel, comprometendo o desenvolvimento da peça em cena, em última análise o dinheiro do bilhete dever-lhe-á ser devolvido. Para quando a responsabilização mais efectiva e concreta dos políticos que demonstrem incompetência e má gestão?


Se as eleições são momentos da vida democrática e as campanhas também o são devemos segui-las com espírito crítico e não nos deixarmos levar por discursos fáceis, porém irresponsáveis, por berros que nada defendem e apenas constituem ruído. Não depositar confiança em quem já provou vezes demais que não a merece é fundamental para que o erro declarado de 2009 não se repita. Não nos deixemos levar por ilusões, por palavras vãs e simplistas que não condizem com os actos de quem as profere com o alegado entusiasmo que mais não é que desespero. Claro que desta (e de qualquer outra) crítica o ainda primeiro-ministro Sócrates não gosta. É caso para dizer que a verdade doi, doi mas é necessária para que se façam as boas escolhas para que este país retome um rumo acertado e se vá fortalecendo e desenvolvendo, pois as oportunidades vão escasseando. As oportunidades devem ser dadas a quem já revelou ter boas ideias e boas soluções, a quem tem mérito, projecto e equipa para o executar com qualidade. Este é o momento!

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