quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Crise do Crescimento Europeu.



Estamos à beira de um novo Conselho Europeu, desta feita com uma particularidade. Um grupo de 12 chefes de Governo decidiram que o foco de discussão seria a crise de crescimento na zona euro, antecipando-se desta forma ao já tradicional e nada democrático encontro a dois em que Merkel e Sarkozy costumam decidir o que se discute em Bruxelas.
David Cameron lidera o tal grupo que começa a ficar um pouco impaciente com a estagnação europeia (as previsões anunciadas ainda esta semana pela EU para 2012 apontam para isso mesmo acompanhado por uma recessão de 0,3%), achando que é «agora tempo de mostrar liderança e de tomar decisões fortes que dêem resultados que as sociedades exigem». Ainda há poucos dias atrás, Durão Barroso Presidente da Comissão Europeia na homenagem ao Professor Ernâni Lopes na UCP, relembrava aos mais esquecidos que todos os problemas e soluções passam pela CE e que sem esta a Europa deixa de funcionar.
O erro da Europa foi considerar-se «a restauração do império germânico» (este foi o termo utilizado intencionalmente pelo rei prussiano) como fim, como a expansão final da ideia que tinha levado o povo alemão a unir-se. Sempre que a Alemanha se une fica muito grande, demasiado grande para a Europa.
Para evitar uma coligação negativa, os europeus tem de encarar a Europa com um projecto global para enfrentar os desafios que vem de fora, seja do Oriente ou do Ocidente. Esta é sem dúvida a complexidade do momento em que nos encontramos, reforçar a resposta da União perante os movimentos inerentes ao fenómeno da Globalização, procurar entender o contexto para ultrapassar a fraqueza que visivelmente define as suas fronteiras.
Os recursos de cada Estado membro europeu devem ser aproveitados e não encarados com desconfiança. Tal como referia sabiamente o Professor Doutor Adriano Moreira na sua crónica no DN desta semana: «No caso português, sem poder ignorar o processo evolutivo do Brasil, que prudentemente avalia a escolha de futuros entre os compromissos com o regionalismo sul-americano e a sua própria afirmação de grande potência, a solidariedade procurada entre os países de língua portuguesa, na organização que espera mais atenção e desenvolvimento, que é a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), é uma contribuição sua. Não apenas para a racionalização do globalismo, e para o património imaterial de que se ocupa a UNESCO, mas também para o interesse desta Europa, à procura de objetivo estratégico convictamente partilhado, de governança finalmente racionalizada, com imaginação criadora e lideranças credíveis».
As oportunidades são de todos para todos nunca pondo em causa as soberanias europeias, perseguindo objectivos comuns de estabilidade e prosperidade para Europa e para o Mundo.

Sintra, 29 de Fevereiro de 2012.
Nuno Serra Pereira

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