Estamos à beira de um novo
Conselho Europeu, desta feita com uma particularidade. Um grupo de 12 chefes de
Governo decidiram que o foco de discussão seria a crise de crescimento na zona
euro, antecipando-se desta forma ao já tradicional e nada democrático encontro
a dois em que Merkel e Sarkozy costumam decidir o que se discute em Bruxelas.
David Cameron lidera o tal grupo
que começa a ficar um pouco impaciente com a estagnação europeia (as previsões
anunciadas ainda esta semana pela EU para 2012 apontam para isso mesmo
acompanhado por uma recessão de 0,3%), achando que é «agora tempo de mostrar liderança e de tomar decisões fortes que dêem
resultados que as sociedades exigem». Ainda há poucos dias atrás, Durão
Barroso Presidente da Comissão Europeia na homenagem ao Professor Ernâni Lopes
na UCP, relembrava aos mais esquecidos que todos os problemas e soluções passam
pela CE e que sem esta a Europa deixa de funcionar.
O erro da Europa foi
considerar-se «a restauração do império
germânico» (este foi o termo utilizado intencionalmente pelo rei prussiano)
como fim, como a expansão final da ideia que tinha levado o povo alemão a
unir-se. Sempre que a Alemanha se une fica muito grande, demasiado grande para
a Europa.
Para evitar uma coligação
negativa, os europeus tem de encarar a Europa com um projecto global para
enfrentar os desafios que vem de fora, seja do Oriente ou do Ocidente. Esta é
sem dúvida a complexidade
do momento em que nos encontramos, reforçar a resposta da União perante os
movimentos inerentes ao fenómeno da Globalização, procurar entender o contexto
para ultrapassar a fraqueza que visivelmente define as suas fronteiras.
Os recursos de cada Estado membro europeu devem ser
aproveitados e não encarados com desconfiança. Tal como referia sabiamente o
Professor Doutor Adriano Moreira na sua crónica no DN desta semana: «No caso português, sem poder ignorar o processo evolutivo do Brasil,
que prudentemente avalia a escolha de futuros entre os compromissos com o
regionalismo sul-americano e a sua própria afirmação de grande potência, a
solidariedade procurada entre os países de língua portuguesa, na organização
que espera mais atenção e desenvolvimento, que é a Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), é uma contribuição sua. Não apenas para a
racionalização do globalismo, e para o património imaterial de que se ocupa a
UNESCO, mas também para o interesse desta Europa, à procura de objetivo
estratégico convictamente partilhado, de governança finalmente racionalizada,
com imaginação criadora e lideranças credíveis».
As oportunidades são de todos para todos nunca pondo em
causa as soberanias europeias, perseguindo objectivos comuns de estabilidade e prosperidade para Europa e para o Mundo.
Sintra, 29 de Fevereiro de 2012.
Nuno Serra Pereira
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