quarta-feira, 18 de maio de 2011

As Sondagens e a sua leitura





As sondagens são o registo das preocupações das dúvidas suscitadas pelos debates que se operam entre os políticos e nós próprios. Há racionalidade nos resultados apresentados? Aparentemente, o óbvio deixa de o ser. E o imprevisível representa o equilíbrio frágil próprio dos funcionamentos paradoxais. Quem diria que o PS de Sócrates estaria à frente do PSD de Passos, no curto espaço de meia dúzia de dias? Mas esta oscilação, mistura instável dos sentimentos que movem os cidadãos, tem muito que ver com a "mensagem” que os partidos conseguem ou não transmitir.
A monotonia da vida partidária revela um estado de menoridade que nos afasta dos nossos elementares deveres cívicos. Criou-se essa monstruosa mistificação da abstenção refúgio dos indecisos, como inevitabilidade dos que, sem argumentação contrária perpetuam o estado caótico em que nos encontramos.
Um dos riscos é que essa ameaçadora inevitabilidade continue a enfraquecer a mobilização global da cidadania, tornando frágil a relação entre as percentagens de apoio expressas, e a dimensão de um eleitorado que se entrega à situação de espectador, que não se distingue de destinatário submisso aos resultados.
A crise excessivamente dolorosa e gravosa que atingiu o País, não é apenas efeito colateral da progressiva debilidade do Ocidente, mas sobretudo da pesada comparticipação do mau governo, da quebra de confiança entre o poder de sufrágio e os responsáveis eleitos, da demonstrada verificação de que foi mantida distância excessiva entre a realidade e o imaginário que o discurso político assumiu. Enquanto os que se perfilam não se aperceberem da volatilidade do eleitorado e a sensibilidade dos barómetros eleitorais, de alterar e melhorar o seu discurso e assumir o exercício da correcção necessária pelo menos do diálogo que rodeia a luta pela captura do poder de sufrágio, os indecisos vão continuar mais indecisos e acabar no atoleiro da abstenção.
Deixem as polémicas para trás ouçam o povo que está mais atento do que nunca, encontrem o que melhor poderá solucionar os seus problemas e acima de tudo digam a verdade, ou quando não o souberem confessem-no. Encontrem soluções para os seus problemas uma de cada vez, mas encontrem-nas! Este será o factor que poderá fazer diferença nas disputas das percentagens do eleitorado e no resultado final, que não é mais do que a saída deste buraco onde nos encontramos.

Lisboa, 17 de Maio de 2011.
Nuno Serra Pereira

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